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Graduado em Zootecnia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Mestrando em Ciência Animal e Pastagens pela UFRPE.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sem o Zootecnista não há peru de Natal

Semana natalina, é tradição não faltar um bom peru na ceia de Natal e o que pouquíssimas pessoas sabem é que por trás daquele peru suculento e saboroso existe a mão do Zootecnista.
Peru de Natal
Os perus pertencem a família Meleagrididae, nativas da América do Norte e Central e geralmente apresentam penas de coloração variando do cinza ao preto, na parte distal a coloração é mais clara dando a esta ave um aspecto zebrado, possuem cabeça desnuda e os machos possuem penas diferenciadas na altura do papo, que podem se erguer ao mesmo tempo que a cauda para a conquista das fêmeas.
O peru (Meleagris gallopavo) é uma ave de grande porte, podendo alcançar até 1,20m de altura e podem ultrapassar 30 Kg. Desenvolvem-se rapidamente, respondem muito bem ao manejo nutricional que lhe for proporcionado. Sua produção de ovos não é abundante, limitando-se exclusivamente a perpetuação da espécie e o período de postura possui duração de aproximadamente 29 dias.
Peru (Meleagris gallopavo)

A produção de perus é altamente competitiva e especializada, exigindo grandes instalações que possam abrigar algo em torno de 1.000 a 25.000 aves alocadas em densidades acima de 60 kg/m² (três machos adultos/m²).
No Brasil, sua criação concentra-se nos estados da Região Sul, especialmente na região da Serra Gaúcha.
Devido ao aumento significativo do consumo de produtos oriundo da produção de perus, houve uma intensa industrialização da carne de peru, aumentando a oferta de produtos como as lasanhas, patês e pizzas.
Com isso o Brasil é o terceiro maior produtor e exportador de peru atrás apenas dos EUA e da União Européia produzindo cerca de 5,1% da produção mundial.
Para a criação dessas aves, é fundamental que se tenha uma dedicação constante, boa higiene, alimentação adequada e boas condições de manejo.
Não podem ser criados em locais úmidos. É fundamental mantê-los num local abrigado, protegidos da chuva, vento e sol, sem contato com o chão. O piso deve ser ripado ou forrado com serragem ou palha seca.
Fatores como a orientação das instalações, necessidade ou não de sombreamento, material utilizado tanto na cobertura como na estrutura do galpão devem ser analisados com o objetivo de fornecer as aves um conforto térmico adequado ao seu bem-estar.
Diante disso, o Zootecnista torna-se indispensável na produção comercial de perus para que estes cheguem a ceia natalina saudáveis e saborosos.

Peru (Meleagris gallopavo)

sábado, 3 de dezembro de 2011

A importância da coleta de leite para análise

A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes do complexo agroindustrial brasileiro, produzindo aproximadamente 27,5 bilhões de litros de leite por ano, provenientes de um dos maiores rebanhos do mundo, com grande potencial para abastecer o mercado interno e exportar. Segundo dados obtidos da Embrapa Gado de Leite, o Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo sendo responsável por 48% do volume total de leite produzido nos países sul americanos.
Um leite saudável e de qualidade apresenta características organolépticas específicas como cor, odor e sabor, baixa contagem bacteriana total, baixa células somáticas, ausência de microrganismos patogênicos e resíduos químicos.
O leite é composto por água, gordura, proteína, lactose, minerais e vitaminas, seus teores são relacionados com a raça e manejo nutricional. Também é fonte de minerais, principalmente o cálcio, proteína e gordura, serve como o principal componente na alimentação do lactente humano além de ser uma fonte valiosa de nutrientes, especialmente para idosos por causa de seu conteúdo protéico e de cálcio.
Segundo Auad et al., (2010) o leite pode ser avaliado de acordo com sua qualidade composicional (gordura, proteína, Extrato seco desengordurado (proteína e lactose) e sólidos totais) e por sua qualidade higiênico sanitária (Contagem bacteriana total (CBT), contagem de células somáticas (CCS) e resíduos químicos contaminantes).
Os teores mínimos de gordura proteína e extrato seco desengordurado de acordo com a Instrução Normativa 51 (IN nº 51) são respectivamente 3,0%; 2,9% e 8,4% e os teores referentes a CBT e CCS encontram-se na Tabela 1.
A coleta de leite para a análise deve ser feita mensalmente como rege a IN n° 51, e a avaliação das amostras coletadas devem ser feitas em laboratórios da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite (RBQL) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
De acordo com Teodoro & Verneque (2006), a coleta deve ser feita em todas as vacas em lactação por técnicos credenciados pelas organizações responsáveis pelo Serviço de Controle Leiteiro.

Além da coleta de amostras para análise, o controle leiteiro deve ser feito periodicamente, isso permite que se estime a produção de uma vaca durante toda a lactação e conhecendo-se a produção individual dos animais, podemos selecionar as melhores vacas para receberem alimentação de melhor qualidade, resultando em maiores produções a custos reduzidos (TEODORO & VERNEQUE, 2006).

Referências

AUAD, A. M.; SANTOS, A. M. B.; CARNEIRO, A. V. et. al. Manual de Bovinocultura Leiteira. 1.ed. Brasília: LK Editora; Belo Horizonte: SENAR-AR/MG; Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2010. 608p.: il.

EMBRAPA/CNPGL. [2010]. Estatísticas do Leite. Disponível em: <http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/informacoes/estatisticas/producao/producao.php> Acesso em 28/11/2011

__________________. Instrução Normativa nº 51, de 18 de setembro de 2002. Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite Tipo A, do Leite Tipo B, do Leite Tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário Oficial da União, 18/09/2002.Seção 3. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/ das/dipoa/in51.htm>. Acesso em 01/12/2011.

TEODORO, R. L.; VERNEUQE, R. S. [2006] Orientações para o controle leiteiro. Instrução técnica para o produtor de leite. Disponível em: <http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/informacoes/pastprod/textos/20instrucao.pdf>, Acesso em 15/11/2011.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Raças Bubalinas

Os búfalos são divididos em duas grandes famílias: os búfalos de rio e os búfalos de pântano. Os búfalos de rio possuem origem asiática, sofreram seleção para a aptidão leiteira tanto na Índia quanto no Paquistão, tendo preferência por ambientes com águas claras e profundas. Pode-se mencionar também, como búfalo de rio o Preto ou Italiano (“Italian buffalo”) que, no Brasil corresponde à raça Mediterrâneo.
Os búfalos de pântano são animais de estrutura pesada, corpo curto e ventre grande, são muito utilizados como animais de trabalho nos países rizicultores do extremo oriente, possuem o hábito de se chafurdarem no barro, cavando buracos no pântano com seus próprios chifres pra que possam se cobrir com uma camada lama que lhes confere proteção contra o calor e contra os parasitas.
No Brasil, os búfalos são representados por quatro raças:
  • Carabao;
  • Jafarabadi;
  • Mediterrâneo;
  • Murrah.
 CARABAO

O carabao é um búfalo de pântano conhecido como o “Trator do oriente”, principalmente por sua força e musculatura desenvolvida, é originário da Indochina, possui a cabeça triangular, chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima e porte médio.
É uma raça adaptada a regiões pantanosas e, por isto, apresentam pelagem mais clara em relação aos demais búfalos. São animais de médio porte, musculatura bem desenvolvida, membros curtos e fortes, possui dupla aptidão, produzindo carne e sendo excelente para a tração.

JAFARABADI

Raça oriunda da Floresta de Gir, na penísula Kathivar, oestee da Índia, possui pelagem preta, manchas brancas na cabeça e na parte inferior  dos membros são aceitoas, possuem chifres pesados e largos, estende-se para baixo e as vezes chega a cobrir os olhos, em sua extremidade viram-se para trás. É a raça de maior porte existente no Brasil.


A produção leiteira desses animais varia entre 1.800 e 2.700 litros (300 dias).

MEDITERRÂNEO

Possui origem italiana*, é uma raça de dupla aptidão, são considerados leiteiros por suas linhagens, porém no Brasil foram cruzados com animais da raça Carabao e com isso passaram a ter mais aptidão para corte.


São animais de cara comprida e fina, apresentando pêlos compridos e escassos na borda inferior da mandíbula, possuem corpo largo em relação a sua longitude e suas patas são curtas e robustas.
*As raças vindas da Ásia foram melhoradas na Itália, por isso que esses animais levam o nome de Mediterrâneo.

MURRAH

Originária do sul do Punjab, na Índia, é a mais dinfundida no que diz respeito à produção de leite. Em comparação com as demais raças é a que possui maior teor de gordura no leite em torno de 7%. São animais profundos e de boa capacidade digestiva, sua produção leiteira varia de 1.500 a 4.000 litros em 300 dias de lactação.

Apresentam cabeças leves e chifres curtos, espiralados, enrodilhando-se em anéis na altura do crânio, pele grossa, é a raça mais adaptada ao frio.


Fonte das Imagens: Associação Brasileira dos Criadores de Búfalo (ABCB)http://bufalo.com.br/racas.html

terça-feira, 25 de outubro de 2011

PALMA FORRAGEIRA NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO

Dr. Airon Aparecido Silva de Melo
Prof. Adjunto UFRPE/UAG, E-mail: airon@uag.ufrpe.br

A palma forrageira das espécies (Opuntia-fícus indica Mill e Nopalea cochenillifera Salm Dyck) foi introduzida no Brasil com o objetivo de hospedar o inseto cochonilha (Dactylopius cocus) para produção de um corante vermelho conhecido pelo nome de Carmim. Não alcançando êxito, passou a ser cultivada como planta ornamental, quando um dia por acaso verificou-se que era forrageira, despertando o interesse dos criadores que passaram a cultivá-la com intensidade. De composição química variável segundo a espécie, idade, época do ano e tratos culturais. É um alimento rico nos nutrientes água, carboidratos, principalmente carboidratos não-fibrosos, e matéria mineral, no entanto, apresenta baixos teores de fibra em detergente neutro comparada com alimentos volumosos, além de apresentar alta digestibilidade da matéria seca. Aspectos estes que deverão ser levados em consideração quando da sua utilização na alimentação dos animais. Pois estes nutrientes poderão interferir no trato digestível, através da taxa de passagem, digestibilidade, fermentação, produtos finais, absorção e consequentemente no desempenho e saúde animal. Quando utilizada como volumoso exclusivo provoca distúrbios metabólicos, tais como, diarréia não patológica, baixa ruminação além de variação negativa do peso vivo dos animais. Quando associada a uma fonte de fibra efetiva, considerando a relação carboidratos fibrosos/carboidratos não-fibrosos, tem-se obtido bons resultados. Portanto, devendo a palma forrageira ser utilizada como um ingrediente da ração animal, a qual deverá ser balanceada junto com outros ingredientes pára atender a necessidade dos animais, sabendo que a mesma não possui fibra efetiva suficiente para manter o ambiente ruminal em estado ótimo.

Resumo de palestra proferida durante o 2º Congresso Brasileiro de Palma e outras Cactáceas


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O INÍCIO, O PRESENTE E O FUTURO DA BUBALINOCULTURA NO BRASIL: REVISÃO DE LITERATURA

Bismarck Passos de Carvalho¹, Willian Gonçalves do Nascimento²
1 - Zootecnista, (bpcarvalho@zootecnista.com.br)
2- Zootcnista, Professor Adjunto da UFRPE/UAG, (willian@uag.ufrpe.br
  Introdução

A bubalinocultura teve início em nosso país no final do século XIX, mais pelo seu exotismo que por suas qualidades produtivas. Entretanto, por ser um animal rústico que apresenta grande adaptabilidade em ambientes adversos e possuir uma alta fertilidade e vida produtiva longa, esses animais logo se adaptaram as nossas condições edafoclimáticas, tanto que na década de 80 houve um crescimento e disseminação da espécie para diversas regiões, com o objetivo de ocupar os chamados “vazios pecuários” [4].

De acordo com Vaz et al. [10], a bubalinocultura deve ser fomentada, por já ter conquistado um espaço na pecuária de corte, adaptadando-se a solos de baixa fertilidade e a terrenos alagadiços, onde algumas raças bovinas não apresentam a mesma produtividade.

Segundo o IBGE [6] a população bubalina em nosso país conta com 1,2 milhões de cabeças divergindo da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalo (ABCB [1]) que estima através de levantamentos indiretos o rebanho brasileiro em aproximadamente 3,5 milhões de cabeças. A divergência entre os dados do IBGE e da ABCB pode ser explicado pelo fato de que muitas vezes o registro dos bubalinos se confunde com os de bovinos, fazendo com que a população real de bubalinos fique subestimada [4].

A exploração desses animais destina-se fundamentalmente à produção de carne, porém, a partir dos anos 80/90, verificou-se um interesse crescente em sua exploração leiteira com duplo propósito (carne e leite) [4]. E ainda segundo o mesmo autor, pode-se aproveitar seu couro, sua força como animais de transporte ou tração e atualmente são muito utilizados no turismo rural.

O objetivo dessa revisão foi mostrar a evolução da bubalinocultura no país desde sua introdução até os dias atuais, tendo em vista que houve um significativo avanço desta atividade no Brasil e que muito em breve sua importância não será apenas restrita para as pequenas propriedades rurais, mas também a empresas produtoras e processadoras de alimentos, no que certamente deverá acarretar em uma organização da cadeia produtiva da bubalinocultura em nosso país.

Material e métodos

Foram consultados periódicos pertencentes ao acervo da Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG/UFRPE), da Scientific Electronic Library Online (Scielo) e de sites especializados.

Resultados e Discussão

A) Bubalinocultura de Corte

Os consumidores dos dias atuais são bastante exigentes no que diz respeito à saúde e a qualidade de vida baseadas em uma dieta saudável. Neste sentido, a carne de búfalo é a mais adequada para uma sociedade cada vez mais exigente, já que a mesma em comparação com a carne bovina apresenta menos colesterol, menos calorias, é rica em minerais e vitaminas.

Assim um dos maiores objetivos das pesquisas relacionadas à produção de búfalos é a busca de novas tecnologias para aumentar os rendimentos da porção comercializável e sua qualidade Isto pode ser conseguido se, na cadeia da carne bubalina, for feito um completo entrosamento entre os geneticistas, melhoristas, produtores, frigoríficos e especialistas em qualidade de carcaça e da carne, além do marketing [8].

Portanto, é necessário que sejam implantadas grandes mudanças da imagem da carne bubalina, como a criação de campanhas publicitárias que associem este produto a uma carne natural, saudável e pouco calórica [8].

Segundo Lourenço Junior et al.[7], foi criada uma marca para a carne de bubalinos jovens, identificada pelo nome de “Baby Búfalo”, que é obtido de animais abatidos precocemente, com boa aceitação no mercado.

O Rio Grande do Sul foi o Estado pioneiro no Brasil a colocar a carne de búfalo embalada a vácuo em redes de supermercado [3].

A produção de carne de búfalo é uma maneira mais produtiva e rentável, contudo, isso só irá acontecer, em escala mais significativa, se houver um esforço de marketing completo que atinja toda a cadeia produtiva, estimulando o consumo desse tipo de carne [8].

Fonte: http://www.iapar.br/modules/noticias/article.php?storyid=626
Búfalos com aptidão para corte

B) Bubalinocultura de Leite

A expansão da exploração de bubalinos com aptidão leiteira no Brasil teve início a partir da década de 90, obtendo um crescimento estimado de 15% em 2009 [1].

O consumo do leite bubalino vem crescendo através da oferta de ampla gama de alimentos, como a mussarela, a ricota, o queijo de coalho, a manteiga e outros derivados, alem do que é um produto superior ao leite bovino em se tratando de nutrientes.

Segundo Teixeira et al. [9], os derivados do leite de búfala apresentam uma ótima qualidade sensorial e nutricional, devido ao seu maior teor de cálcio, vitamina A, e paladar suave.

De acordo com a ABCB [1], foram produzidos 31 milhões de litros de leite de búfala e 5,2 milhões de quilos de mussarela, no ano de 2008.

Segundo Albuquerque et al. [2], já haviam relatado uma gradativa intensificação no manejo das búfalas em certas bacias leiteiras, com a adoção da prática de duas ordenhas diárias, suplementação de volumosos de melhor qualidade nos períodos de escassez das pastagens e oferta de concentrados com base no nível produtivo dos rebanhos, que permitiram uma elevação da produtividade média de 1.460 kg/lactação em sistemas de baixa intensificação para uma média de 2.431 kg em sistemas mais intensificados e de 2.955 kg em propriedades com melhor material genético.

Búfalas podem aumentar sua produção em até 50% se manejadas corretamente [5].

Segundo Bernardes [4], as regiões onde existem laticínios especializados na captação do leite de búfalas, é cada vez maior o número de produtores, que passam a se dedicar à exploração leiteira bubalina, com a qual tem obtido produção individual superiores às que obtinham com bovinos, mesmo com rebanhos ainda pouco selecionados.
Fonte: http://www.elchao.com/leche.htm
Búfala sendo ordenhada

C) Futuro da bubalinocultura no Brasil

O maior desafio da bubalinocultura em nosso país é a busca por uma melhor organização da cadeia produtiva de seus derivados visto que zootecnicamente esses animais demonstram ser capazes de entrar com força no mercado, pois, não restam dúvidas sobre sua excelente qualidade nutricionais o que coloca esta atividade pecuária como opção econômica aos mais diversos ambientes, mostrando respostas satisfatórias sem causarem danos significativos ao ambiente.

De acordo com Bernardes [4], o Brasil se encontra em uma posição privilegiada com relação à bubalinocultura posto que detém o maior rebanho da espécie no Ocidente, dispondo-se de exemplares com produtividade leiteira comparável aos melhores espécimes e, no segmento corte, já dispõe de animais com performances bem mais expressivas que as existentes nos países de origem onde a atividade foi pouco explorada.

Considerações Finais

A grande barreira para os pesquisadores que estudam a bubalinocultura é a escassez de material didático (periódicos, livros e revistas) que com o aumento desta atividade pecuária em nosso país há um consequente aumento da necessidade por mais informações nesta área, o que contribuiria de forma sinérgica com o crescimento da mesma que possui um vasto potencial ainda por ser explorado. Diante disso, cabe a nós profissionais das Ciências Agrárias a incumbência de melhorar esta situação com o aumento de pesquisas que visem o avanço da bubalinocultura no Brasil.

Referências

[1] ABCB. Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos. Disponível Acessado em 10 Ago 2011.

[2] ALBUQUERQUE, S.S.A; BERNARDES, O; ROSSATO, C. Avaliação da produção leiteira de búfalas na região sudoeste de São Paulo. Bol Búfalo ABCB, n.1, p.38, 2004.

[3] ASCRIBU. Associação Sulina de Criadores de Búfalos. Disponível < http://www.ascribu.com.br/Pagina/21/A-Carne> Acessado em 02 Set 2011.

[4] BERNARDES, O. Bubalinocultura no Brasil: situação e importância econômica. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.31, n.3, p.293-298, jul/set, 2007.

[5] COUTO,A.G. Manejo de búfalas leiteiras. Circular Técnica, n.2, 2006. Disponível Acessado em 02 Set 2011.

[6] IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em Acessado em 20 Ago 2011.

[7] LOURENÇO JUNIOR, J.B.; LOURENÇO, V.V.; COSTA, N.A.; MOURA CARVALHO, L.O.D.; LOURENÇO, L.F.H.; SOUSA, C.L.; SANTOS, N.F.A. Evaluation of carcass income and physical-chemical characteristics of “baby buffalo” meat. In: Simpósio de Búfalos das Américas, 2002.

[8] OLIVEIRA, A. L. Búfalos: produção, qualidade de carcaça e de carne. Alguns aspectos quantitativos, qualitativos e nutricionais para promoção do melhoramento genético. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.29, n.2, p.122-134, abril/jun, 2005.

[9] TEIXIERA, L.V.; BASTIANETTO, E.; OLIVEIRA, D.A.A. Leite de búfala na indústria de produtos lácteos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.29, n.2, p.96-100, abril/jun, 2005.

[10] VAZ, F.N.; RESTLE, J.; BRONDANI, I.L. Estudo da carcaça e da carne de bubalinos mediterrâneos terminados em confinamento com diferentes fontes de volumoso. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32,n.2, p.393-404, 2003.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Você conhece ou já ouviu falar no Beefalo?

O Beefalo é uma raça sintética, criada a partir do cruzamento do bisão americano (Bison bison) e bovinos europeus (Bos taurus). Esses animais possuem 3/8 do material genético do Bisão e 5/8 do material genético do bovino.
Bisão Americano (Bison bison)

Bovino europeu (Bos taurus)

É um animal bastante rústico podendo suportar altas temperaturas, é um animal de elevada precocidade, possui rápido ganho de peso e terminação com dois anos, possuem altas taxas de fertilidade e boa habilidade materna.
Vaca beefalo com sua cria 

Por ser um animal híbrido, sua carne apresenta diferenças em ralação à carne bovina como maior percentagem de proteína, cálcio, ferro e menos colesterol.
Touro beefalo
Fontes das imagens:

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Paraguai confirma foco de aftosa e suspende exportações

As autoridades paraguaias confirmaram foco de febre aftosa em fazenda no Departamento de San Pedro. Por causa do foco, o Paraguai suspendeu por dois meses a exportação de carne. Cerca de 800 animais deverão ser sacrificados. O vírus da febre aftosa foi detectado em 13 cabeças de gado.

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, deve decretar ainda hoje (19) situação de emergência sanitária na região onde foi detectado o foco. As autoridades sanitárias iniciaram nesta segunda-feira a instalação de barreiras de contenção. Com esse foco, o Paraguai perde status sanitário e fica fora do mercado internacional, que é uma das principais fontes de divisas do país.

A Organização Internacional de Sanidade Animal (OIE) foi comunicada pelos próprios pecuaristas paraguaios da existência do foco. De acordo com o jornal ABC Color, 819 animais da fazenda Santa Helena, administrada pelo presidente da Associação Rural do Paraguai em San Pedro, Silfrido Baumgarten, serão sacrificados, segundo a Senacsa (Secretaria Nacional de Sanidade).

Brasil - A suspeita de focos de febre aftosa no Departamento de San Pedro, confirmada hoje, levou autoridades de defesa agropecuária a formarem um pool de inspeção com cinco países – Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e o próprio Paraguai.

Do Brasil foi designado um técnico da SFA - Superintendência Federal de Agricultura. Ele segue nesta segunda-feira, 19, ao Paraguai para se juntar a outros técnicos dos países vizinhos.

A secretária de Produção e Desenvolvimento Agrário de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina Corrêa da Costa, disse ontem que o governo do Estado foi informado da situação, que ‘é de absoluto controle’ e não há razão para preocupação porque a região onde há suspeita de circulação do vírus não faz fronteira com o Estado.

O Departamento de São Pedro, no entanto, faz divisa com o Departamento de Amambay, que faz fronteira de Mato Grosso do Sul. O local da inspeção fica a aproximadamente 130 quilômetros dessa linha internacional com o Brasil. Os municípios mais próximos são Amambai e Iguatemi.

Fonte: Sociedade Rural Brasileira - SRB

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Determinação Sexual

Nas primeiras semanas da vida do embrião, durante o processo de desenvolvimento embrionário, existe um grupo de células que migrarão do saco vitelino para uma região denominada de Crista Gonadal que na realidade é uma gônada indiferenciada, ou seja, pode desenvolver para testículo ou para ovário e essa diferenciação vai depender de vários processos descritos abaixo.

DEFINIÇÃO DO SEXO CROMOSSÔMICO

Seria o momento em que um espermatozóide (y) vai fertilizar um óvulo (x). A partir desse momento tem inicio o desenvolvimento do embrião e também vai sendo definido o sexo gonadal. O sexo natural de todos os indivíduos é o feminino e o masculino é o sexo induzido, ou seja, para que a crista gonadal do embrião desenvolva características masculinas, ela precisa ser induzida por um fator que determine essa transformação. Sabemos que as fêmeas produzem apenas óvulos com cromossomo X e os machos espermatozóides X e espermatozóides Y. Existe um gene que está localizado no braço curto do cromossomo Y que é o responsável por essa diferenciação da crista gonadal para uma gônada masculina, este gene é chamado de SRY.
Para que ocorra a diferenciação esse gene se responsabiliza pela produção de hormônios que vão induzir a transformação, ou seja, hormônios responsáveis pela masculinização da gônada.
O gene SRY é responsável pela estimulação das células de sertoly que vão produzir o Fator Determinante Testicular (TFD) e também o Hormônio Inibidor Mülleriano ou dos Ductos de Müller (MIH). Esses fatores fazem com que ocorra uma diferenciação da crista gonadal e dos ductos de Wolf, na parte tubular do sistema reprodutor masculino além de promoverem uma involução dos ductos de Müller. Lembrando que essas alterações tem início na sétima semana de gestação apenas na presença do gene SRY, caso este gene não esteja presente o desenvolvimento gonadal continua normalmente sem interferência, o que dará origem ao aparelho reprodutor feminino.

SEXO GENÉTICO

É definido no momento da fertilização, na união do espermatozóide com o óvulo.

SEXO GONADAL

Depende da presença do gene SRY

CURIOSIDADE

Durante a formação dos espermatozóides tem-se duas meioses e durante esse processo pode haver uma troca de material cromossômico entre as cromátides homólogas dos espermatozóides X e dos Espermatozóides Y, a este fenômeno dá-se o nome de CROSSING OVER. Durante o crossing over pode ocorrer de o gene SRY passar para o cromossomo X e nesse caso se tem um cromossomo y com ausência desse gene. E se por acaso um óvulo for fertilizado por um desses espermatozóides, dará origem a uma fêmea de genótipo XY ou um macho de genótipo XX conforme ilustração abaixo.

domingo, 28 de agosto de 2011

IV - Encontro de Medicina Veterinária do Agreste Pernambucano

Estudantes e profissoinais de Medicina Veterinária e Zootecnia não percam o IV EMVAPE (Encontro de Medicina Veterinária do Agreste Pernambucano) que será realizado nos dias 02, 03 e 04 de setembro de 2011 em Garanhuns/PE.

Palestras: Fórum Ministro Eraldo Gueiros Leite
Minicursos: Unidade Acadêmica de Garanhuns - UFRPE/UAG
Maiores informações e programação completa: http://www.emvape.com.br/

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Gordura de jacaré pode ser usada como fonte de biodiesel

Por Globo Rural On-line

Pesquisadores americanos descobriram alternativa para fazer combustível

Pesquisando alternativas verdes de combustível, cientistas da Universidade de Louisiana, nos Estados Unidos, descobriram uma matéria prima inusitada para fazer biodiesel: gordura de jacaré. Hoje, a soja é muito utilizada no país para a produção de combustível, mas o grão também é necessário para o consumo humano e animal. Para produzir um bilhão de galões de biodiesel de soja seria necessário 21% de toda a produção dos Estados Unidos e o país consome 45 galões de diesel todos os anos. As informações são do jornal americano The New York Times.

Com essa preocupação, os pesquisadores acreditam ter encontrado uma opção para ajudar a soja nessa equação. Todos os anos 6,8 mil toneladas de gordura de jacaré são desperdiçadas. O animal atualmente é criado para produção de carne e couro – não se trata do crocodilo, ameaçado de extinção.


 Fonte: Revista Globo Rural
Jacaré no tanque: a gordura do animal atualmente é desperdiçada, poderia ser usada para produção de biodiesel


Na pesquisa divulgada nesta semana o professor de engenharia química Rakesh Bajpai e mais cinco colaboradores explicam que converteram 61% da gordura do animal em líquidos que poderiam ser usados em biocombustíveis. Das 6,8 mil toneladas, poderia ser produzido 1.25 milhões de galões de combustível (cerca de 5,6 milhões de litros). Segundo Bajpai, o galão poderia ser produzido por US$ 2,40 (equivalente a R$ 3,8). Além disso, a cada galão produzido, a refinaria faria também alguns litros de glicerol, substancia valorizada na indústria química.

Somado aos incentivos americanos ao biodiesel, o preço deste combustível de jacaré seria bastante competitivo.
 
Disponível em :http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI258672-18077,00-GORDURA+DE+JACARE+PODE+SER+USADA+COMO+FONTE+DE+BIODIESEL.html

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Regulamentação dos Zootecnistas: SENGE sugere ao Deputado Onyx Lorenzoni emitir parecer contrário ao PL 2824 que regulamenta a profissão de Zootecnista

Os presidentes do SENGE/RS e do SIMVETRS, e o vice-presidente da SARGS, reuniram-se com o Deputado Onyx Lorenzoni para formalizar a posição das entidades contrária à aprovação do Projeto de Lei 2824/08 que regulamenta a profissão de Zootecnista, do qual o parlamentar do DEM/RS é relator. No encontro realizado em 1º de agosto em Porto Alegre, as entidades formalizaram a entrega de documento em que relacionam pontos de inconformidade, principalmente, aqueles que retiram atribuições dos Engenheiros Agrônomos e de outros profissionais.
Ao deixar claro não haver oposição à regulamentação da profissão de Zootecnista em si, a carta reafirma que diante da dependência e importância do Setor Primário para a economia do País e da carência latente de profissionais de nível superior de todas as especializações nesta área, nada justifica a retirada de atribuições de quem já tem formação e qualificação, notadamente os Engenheiros Agrônomos.
Além disso, o projeto contraria a Resolução 1.010/05 do CONFEA, e a Lei 5.194/66 que estabelecem, respectivamente, as atribuições e a regulamentação da categoria dos profissionais de Agronomia.
Ao lado da presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do RS Maria Angelica Zollin de Almeida, e do vice-presidente da Sociedade de Agronomia do Estado Arcângelo Mondardo, o presidente do SENGE José Luiz Azambuja enfatizou a Onyx Lorenzoni, que a aprovação do projeto acarretaria um aumento dos custos para os agricultores e pecuaristas, além de uma significativa segmentação da responsabilidade técnica e degradação dos programas de pesquisa em desenvolvimento nas universidades. Lembrando que os cursos de pós-graduação em zootecnia são realizados nas escolas de Agronomia e Veterinária em todo o Brasil, com exceção do Estado de São Paulo.
Onix, que é veterinário, acolheu a solicitação e informou que está trabalhando no sentido de apresentar um substitutivo que contemple as reivindicações das categorias profissionais envolvidas no assunto e que provavelmente em outubro pretende chamar uma reunião em Brasília, com a participação do MEC, para discutir a possibilidade de adequações nos futuros currículos. Segundo o Deputado, os atuais profissionais da Agronomia e Veterinária teriam asseguradas todas suas competências para continuar trabalhando normalmente nas atividades que envolvem a Zootecnia.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Microbiota ruminal

Os ruminantes são animais que possuem um estômago multicavitário, ou seja, dividido em compartimentos denominados de rúmen, retículo, omaso e abomaso. Os três primeiros possuem função associada ao processo fermentativo e o abomaso apresenta características similares ao estômago dos animais monogástricos. Essas estruturas anatômicas permitem a realização do processo de fermentação conferindo a esses animais o aproveitamento da fração fibrosa dos vegetais. No entanto, os ruminantes não produzem as enzimas necessárias para a digestão desta fibra, porém permitem que microrganismos capazes de produzir tais enzimas se desenvolvam em seu rúmen, sendo esta população composta por bactérias, protozoários e fungos.
A celulose e outros polissacarídeos presentes na parede celular de vegetais, constituem a maior fonte de energia para os animais herbívoros. E sua degradação é o resultado da simbiose entre estes animais e sua microbiota. Estes microrganismos também utilizam o nitrogênio não-protéico para a síntese de aminoácidos, sintetizam vitaminas e produzem os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que são os ácidos acético, butírico e propiônico.
O estabelecimento desses microrganismos no rúmen ocorre após o contágio dos animais recém-nascidos com sua mãe (por exemplo, o ato de a vaca lamber sua cria), com a ingestão de alimentos contaminados e, além disso, o esterco presente no piso do curral, nos pêlos, nas tetas, etc., está dentre as principais fontes de contágio, assim como o solo e as pastagens.

BACTÉRIAS

É a população mais diversificada do rúmen e seus principais grupos são relacionados com a degradação da fibra vegetal.

Bactérias fermentadoras de carboidratos estruturais (Celulolíticas)

Associam-se às fibras dos alimentos e degradam os componentes da parede celular dos vegetais, particularmente a celulose e a hemicelulose, as principais espécies são Ruminococcus flavefaciens, Ruminococcus albus e o fibrobacter succinogenes. Estes microrganismos vão promover a hidrolise da celulose através de complexos enzimáticos denominados celulases. As espécies celulolíticas produzem principalmente, acetato, propionato, butirato, succinato, formato, CO2, e H2. Também são liberados o etanol e o Lactato.
Fonte: http://microbewiki.kenyon.edu/index.php/Ruminococcus
Ruminococcus flavefaciens

Bactérias fermentadoras de carboidratos não-estruturais (Amilolíticas e Pectinolíticas).

Associam-se às partículas de grãos de cereais ou grânulos de amido e degradam os carboidratos de natureza não estrutural como o amido e açúcares solúveis como, dextrinas e frutosanas, podem utilizar a amônia, aminoácidos ou peptídeos para a síntese de suas proteínas. Produzem acetato, porém mudam para acetato, formato e etanol quando a concentração do substrato fermentável decresce. Os principais microrganismos fermentadores de carboidratos não-estruturais são, Streptococcus bovis, Ruminobacter amylophilus, Lactobacillus sp., Selenomonas ruminantium.

Bactérias lipolíticas

Hidrolisam triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos, não é numeroso, pelo fato do ambiente ruminal apresentar potencial de oxidorredução muito baixo, característico de ambiente anaeróbicos. A espécie Anaerovibrio lipolytica hidrolisa lipídios e utiliza a ribose, a frutose, o glicerol e o lactato como fontes de carbono e energia. Esses substratos são fermentados a acetato, propionato e CO2, enquanto o glicerol é fermentado a propionato e succinato.

Bactérias proteolíticas

Como o próprio nome denuncia, degradam proteínas.  No entanto, existem algumas poucas espécies que utilizam principalmente aminoácidos como substratos energéticos. Destacam-se as espécies B. amylophilus, B. ruminicola, Butirivibrio sp., S. ruminantium, Clostridium aminophilum e C. sticklandii.
Fonte: http://ijs.sgmjournals.org/content/53/1/201.full
Butirivibrio sp

Bactérias ureolíticas

Apresentam-se aderidas ao epitélio ruminal e hidrolisam uréia liberando amônia. Exemplo: Enterococcus faecium.

Bactérias metanógenas

São as mais estritamente anaeróbicas do rúmen. Produzem metano a partir do CO2 e H2 derivados da atividade fermentativa das demais espécies, por exemplo: Methanobacterium sp., Methanobrevibacter sp.

Bactérias lácticas

Crescem em condições de baixo pH ruminal e utilizam, entre outros, ácido láctico como substrato energético, por exemplo: Megasphaera elsdenii.

Bactérias pectinolíticas

Fermentam a pectina. Embora a pectina seja um polímero de natureza estrutural, sua fermentação, assim como a as características das bactérias que a utilizam, são semelhantes àquelas que fermentam carboidratos não-estruturais, por exemplo: Succinivibrio dextrinosolvens.

PROTOZOÁRIOS

São organismos unicelulares, anaeróbios, não patogênicos.  Apresentam organização complexa e diferenciada com estruturas funcionais similares a boca, esôfago, estômago, reto e ânus. Alguns protozoários são celulolíticos, mas os principais substratos utilizados como fonte de energia são os açúcares e amidos que são assimilados rapidamente e estocados na forma de amilopectina. Uma característica peculiar dos protozoários ruminais é o quimiotactismo, ou seja, possuem a capacidade de se locomoverem num gradiente de concentração de açúcares ou glicoproteínas. São capazes de se fixar à parede do retículo e migrar em direção ao rúmen, logo após a alimentação do hospedeiro, possivelmente em razão do aparecimento de açúcares solúveis.

FUNGOS

Inicialmente os fungos eram considerados protozoários flagelados. Os fungos são parte integrante da microbiota ruminal e são encontrados em animais alimentados com dietas fibrosas, onde os zoósporos móveis aderem aos fragmentos das forragens e invadem os tecidos vegetais por meios de seus talos e rizóides. Após um período de crescimento vegetativo ocorre a formação dos esporângios que irão liberar os zoósporos maduros fadados a repetir esse ciclo de colonização do material vegetal ingerido pelo hospedeiro.

REFERÊNCIAS

BERCHIELLI, T.T.; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. Nutrição de ruminantes. 1. ed. Jaboticabal: Funep, 2006. 583p.

KOZLOSKI, G.V. Bioquímica dos ruminantes. 1. ed. Santa Maria: Ed. UFSM, 2002. 140p.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tilápias

As tilápias são peixes de origem africana, muito utilizadas na piscicultura desde o ano 2000 a.C. Além do seu valor nutricional, é apreciada pelo seu desempenho como agente biológico combatendo mosquitos e ervas daninhas aquáticas, como isca viva, na pesca esportiva e na aquariofilia tropical.
Os cultivos comerciais estão baseados num pequeno número de espécies e alguns híbridos. São elas: Oreochromis niloticus, Oreochromis mossambicus, Oreochromis aureus, Tilapia rendalli, Tilapia zilli e Sarotherodon galilaeus.
Sua introdução no Brasil se deu pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, em 1952 com a importação de exemplares da Tilapia rendalli para o repovoamento das represas com a finalidade de combater a proliferação de algas macrófitas aquáticas. Em 1971 o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) introduziu a espécie Oreochromis niloticus, que apresenta características aconselhadas para a piscicultura brasileira.
As tilápias são peixes que apresentam distribuição geográfica restrita a regiões com temperaturas não inferiores a 20°C, apresentando seus melhores resultados entre 26 e 32°C. Em temperaturas inferiores a 15°C, praticamente interrompem seu consumo de alimento, valores letais de temperatura encontram-se na faixa de 10 a 12°C.
Esses animais suportam baixas quantidades de oxigênio dissolvido na água, podendo sobreviver em níveis de 1mg/l. Porém a concentração de 0,1 mg/l é considerada letal. O pH ideal é entre 7 e 8, valores entre 3,5 e acima de 12 causam mortalidade em menos de 6 horas de exposição. As tilápias também apresentam grande tolerância a altas salinidades.
Outras características zootécnicas das tilápias que as indicam para a piscicultura: 
  • ·        Resistência a baixa qualidade de água e a doenças;
  • ·        Facilidade de manejo e cultivo;
  • ·        Tolerância a amplas variações ambientais;
  • ·        Capacidade de converter resíduos orgânicos domésticos e agrícolas em proteína de alta qualidade;
  • ·        Apresentam boa taxa de crescimento;
  • ·        Suportam bem o sistema intensivo de cultivo. 
O maior problema no cultivo de tilápias é sua alta prolificidade, resultando em grande competição pelo alimento, limitando o crescimento individual.
A desova ocorre durante os meses em que a temperatura da água encontra-se mais elevada, superior aos 24°C. Durante o período reprodutivo, os machos escavam buracos (ninhos) no fundo dos viveiros onde após o acasalamento as fêmeas irão liberar os óvulos que serão imediatamente fecundados pelos machos. Após a fecundação a fêmea recolhe os ovos e os mantém em sua boca durante toda a fecundação.
As tilápias de um modo geral são onívoras micrófagas. As pós-larvas e alevinos com 3 ou 4 cm já alimentam-se de partículas inertes, quando atingem 4 ou 5 cm aceitam alimento artificial com facilidade. A tilápia do nilo (Oreochromis niloticus) possui os rastros branquiais bastante desenvolvidos o que possibilita a filtragem da água para a retirada do plâncton e outros alimentos em suspensão.
Fonte: Arquivo pessoal.
Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)

Fonte: Arquivo pessoal.
Filamentos branquiais da Tilápia do Nilo  (Oreochromis niloticus)

sábado, 9 de julho de 2011

Especialistas revelam como será o boi do futuro

por Sebastião Nascimento
 Ilustrações Maná E.D.I. 

Clones em escala industrial 
Técnica vai revolucionar a pecuária, ao permitir aos criadores fazer várias cópias de seus melhores touros para cobrir a vacada comercial .
Em todo o mundo, o Brasil é a nação que mais utiliza tecnologia genética de ponta no aprimoramento do rebanho bovino. O país está se preparando para os grandes desafios do mercado. É o que diz o médico-veterinário Rodolfo Rumpf. Ele chefiou a equipe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, de Brasília, que criou a bezerra da raça simental Vitória, primeiro clone concebido na América Latina, dez anos atrás. Vitória está bem viva e até já pariu uma bezerrinha, em 2004. Rumpf dá agora mais um salto ao compor o grupo que trabalha no desenvolvimento de clones de touros em série para cobrir a vacada de rebanhos comerciais. A experiência, ainda na fase inicial, é resultado de uma parceria entre a Embrapa e a empresa privada Geneal, pertencente ao pecuarista Jonas Barcellos, da Fazenda Mata Velha, de Uberaba (MG), e ilustra o escopo funcional da engenharia genética animal no Brasil. “A proposta é atingir a base da pirâmide. Produzir clones de um reprodutor de alta qualidade e tornar acessível o uso das cópias no rebanho comercial, que vai ganhar eficiência.” É produção em escala para garantir carne de boa procedência e padrão, resume o cientista da Embrapa. 

A clonagem tradicional não chegou ainda ao médio e pequeno produtor, porque tem um custo proibitivo. A cópia idêntica de um bovino não sai por menos de R$ 50 mil. Para Rumpf, a democratização da genética é uma questão de tempo. As parcerias público-privadas vão permitir a união da bagagem científica de uma Embrapa, por exemplo, com o manejo e a prática nas fazendas. A clonagem para servir o gado comercial é a última palavra em termos de tecnologia – mas não está sozinha. A inseminação artificial em tempo fixo (IATF), técnica que cresceu 150% desde que chegou ao país, há quatro anos, vem provocando uma revolução nas fazendas. Com ela, o pecuarista ganha o poder do Criador. Em conjunto com a sexagem, a IATF deixa a reprodução do rebanho sob o controle absoluto do fazendeiro. Ele programa o sexo e a data exata de nascimento dos bezerros. 

A grande vantagem dessa técnica é que a vaca não precisa estar no cio para ser inseminada, pois a ovulação é estimulada automaticamente. A propriedade pode inseminar um grande número de animais em curto espaço de tempo. Além disso, pode programar o nascimento e o desmame para as épocas do ano mais favoráveis aodesenvolvimento dos bezerros. Há criações de grande porte que conseguem inseminar 400 vacas ao dia – são 30 de inseminação convencional. 
Os marcadores moleculares também já chegaram por aqui, com a função de descobrir, por meio da análise de DNA, uma sequência de genes que defina as características de um bovino. Exemplo: se ele possui os genes de maciez da carne. A novidade nessa área é um projeto que pretende identificar o potencial de um touro reprodutor logo após seu nascimento. Hoje, para se confirmar a potencialidade de um reprodutor, é necessário analisar seus filhos, o que leva em média quatro anos. 

Essa pesquisa tem como parceiros a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, da Universidade de São Paulo, e o laboratório Merial. Cruzando-se análises moleculares do DNA com as DEPs (estimativas sobre o potencial de um animal com base nos resultados de seus parentes), o intervalo entre as gerações será abreviado. Dessa forma, o fazendeiro poderá tomar hoje uma decisão que só viria dentro de três ou quatro anos. Detalhe: sabendo-se o potencial das DEPs. 

“A pecuária brasileira avançou 50 anos na última década graças ao uso de tecnologias de ponta”, diz o pecuarista Paulo de Castro Marques, presidente da Associação Brasileira de Angus. É por isso que os especialistas acreditam que, no futuro, na média nacional, o boi vai ser abatido entre 18 e 20 meses, pesando quase 500 quilos. 

Na área de sustentabilidade, a empresa mineira Safe Trace lançou uma tecnologia em que um chip é introduzido no rúmen do animal. Ao acessar o website da empresa, o consumidor terá todas as informações sobre a carne da gôndola.